2 de julho de 2017

Rio de Janeiro, 28 de abril de 2017

futuro
retrocesso de mim
minha extinção

quando
não estou no que olho
não me sinto no que vejo

se
meus passos me contradizem
trago no peito o paradoxo

largas
são as curvas que me levam
distintas as voltas que me trazem

hoje
um passado reside em minha fronte
dando as mãos ao que defendo

paro
em rouco silêncio
num movimento que me berra

Fábio Santana Pessanha

2 comentários:

Daniele Negreiros disse...

Sei que já comentei sobre esse poema em seu instagram, mas, quando passo aqui, ele fica me gritando, fazendo acenos com euforia... Não dá! Tenho que dizer alguma coisa.
Seu talento causa esse tipo de dano em mim, de incômodo em meus escombros. Acabo por deixar sair o ainda não revelado.
Não há como vir , degustar e ficar ilesa, seguir caminho, sem remorso. Impossível não sair mancando, com o sistema cardiorrespiratório acelerado, com a cabeça descomportando luz, com nó na garganta... e sim, poeta. O futuro acaba com este tanto de agora, Já que estamos aqui completamente nessa incompletude, em razão de ansiar por esse futuro impiedoso.
Sagrado esse movimento que te berra!



Fábio Santana Pessanha disse...

Dani, nem sei o que dizer... embora seja um paradoxo, pois já estou dizendo. E é por aí mesmo, pelos paradoxos que caminhamos. Agradeço, num tamanho de uma medida não inventada, por sua leitura, palavras e carinho. Acredito que poesia reúne quedas, que deixa aparecer em cada um de nós alguns outros que nos compõem, e nisso ficamos próximos do absurdo. Obrigado por seu absurdo!...