30 de dezembro de 2012

Corporal


Poesia corporal é música de palavra nua. Suas vestes recaem aos pés de semitons ornados em crepúsculo, alçando o levante dos ensurdecidos gritos de silêncio. São campos vastos onde a vermelhidão do sol colora o inalcançável dos olhos, onde os ouvidos registram apenas sussurros de cantos impronunciáveis.
De quem é a voz que toma o poeta na urgência do seu corpo? Quem corre nos arvoredos ensandecidos mediante os sazonais de auspícios canoros? Que pele pede o canto do verbo durante o interlúdio do suor?
A boca está nua... os dentes desenham o desejo no corpo que tocam, compondo uma tez de sorrisos largos e perdidos. O gosto está no corpo todo, gestualizando o inefável de uma palavra. O corpo é todo nu, todo pele, vento, furor e abismo. O corpo não teme, o corpo não sabe. O corpo erra... reluz a sinfonia de cores mudas, de ondas profundas num mar que é todo fundo e raso.