24 de novembro de 2013

Texto da Fernanda Angius para meu livro!

Finalmente meu livro A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos está pronto! Muitíssimo em breve estará disponível nas melhores livrarias do Brasil!
Depois de um trabalho muito árduo e um longo tempo de espera pelo melhor momento de trazê-lo a público, enfim, a expectativa acabou. Para iniciar a comemoração e deixar uma prévia do que vem pela frente, divido com os leitores o texto de orelha que Fernanda Angius, professora em Maputo e uma das grandes pesquisadoras da literatura moçambicana, escreveu para meu livro. Fiquem, então, com o texto de orelha que a Fernanda Angius escreveu:

A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos interessará quem ama a poesia e conhece quão intrínseca ela pode ser na vida de cada um de nós. O autor deste livro foi capaz de mergulhar no mar de imenso azul virgiliano e captar o sentido profundo de seus versos.
Fábio Pessanha descobre o sentido de osmose vital do poema virgiliano, e aponta-o como verdadeira produção cosmogónica, na medida em que atribui à poética de Virgílio de Lemos a força geradora de vida, consubstanciando o sagrado criador e a matéria criada.

Etiópia Sudão Novo Mundo e extremo Oriente
escravos e canelas, baixelas de prata bordados.
Será que posso falar de omnipresente osmose
entre o sagrado e o grito mineral da carne?
(Virgílio de Lemos, “Ouamisi”)

Fábio Pessanha, o autor deste livro, domina a linguagem poética e, arrojadamente, “desvenda” uma faceta pouco tratada de outro poeta; e este outro é multifacetado e faz do mar o seu mundo e o seu corpo, respirando com paixão o mar. Este é cantado nos seus versos, impondo-se como sujeito lírico por excelência. A nossa curiosidade é desperta para um poeta moçambicano pouco conhecido. Um poeta para quem o mar é constante inspiração e fonte de energia.
Fábio Pessanha consegue, neste seu livro, tornar-nos cúmplices de Virgílio de Lemos e sentir a poética do mar na sua poesia. Segundo ele, “O tempo é teia que enlaça e amordaça o falatório de um momento. É rede que apanha a ruptura das divisões e molda nos seus nós o entrecruzamento de espaços: memória.”
A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos (este que é poeta, jornalista literário e ensaísta, de origem moçambicana) leva-nos ao âmago do sentido que o mar tem na poesia de Virgílio de Lemos. Os seus versos são “fulgurância do real em lampejos de realidade” e esta talvez seja a melhor definição da poética virgiliana nas variadas representações do seu mundo interior e do seu imaginário. Aliás, tempo e memória são bem analisados no capítulo em que o autor trata o tema.
Baseando o seu interessante trabalho em, apenas, cinco sonetos do poeta estudado, e sabendo nós da extensão quase interminável da obra virgiliana, consideramos que a ousadia é coragem. Segundo o autor, Virgílio de Lemos, através do binómio tempo/memória, faz “a consubstanciação de corpo em mar” “e assim vão galopando os versos, com imagens que repercutem no interior do seu mistério a vigilância de penetrações etimológicas, de sonoridades coloridas ou acidez iridescente.”
Admiramos em Fábio Pessanha a ousadia com que “deitou mãos à obra” e se embrenhou na poética virgiliana. Hermenêutica do mar virgiliano, difícil, mas aliciante, este livro traz aos estudiosos da Literatura moçambicana um contributo importantíssimo para o reconhecimento universal de Virgílio de Lemos, um dos maiores poetas moçambicano na diáspora.
O autor deste livro, como ele próprio confessa, foi arrebatado pela poética do poeta estudado – contagiando o leitor, que não pode deixar de querer conhecer o eterno amante do mar – e mergulhou na sua lírica, seguindo os caminhos misteriosos das florestas semânticas de onde jorram os sentidos que dão significação à vida.
Se Fábio Pessanha não fosse o poeta que conhecemos, esta hermenêutica do mar não seria lida assim, pois o texto nos revela um autor que na poesia encontra sua preferida habitação. Trata-se de uma poética a desvendar outra que a iluminou.

Maputo, 31 de agosto de 2013.
Fernanda Angius



3 de novembro de 2013

Queda...

Do chão que me levanto ao céu que me estendo, caio profundezas de intermédios no opúsculo visceral de bocas e ensejos de versos... que cultura traz o culto do sonho ao se entregar sereno à queda?...