26 de janeiro de 2010

Ensaios para este ano


Caros amigos, vim divulgar alguns ensaios meus que ou foram publicados agora no início de 2010 ou serão no decorrer do mesmo ano. Então, seguem os textos que aguardam sua leitura e possíveis comentários ou críticas – isso seria muito interessante! – conforme forem publicados.
Na revista Pequena Morte, em sua edição número vinte, foi publicado o texto “A casa de Maria Gabriela Llansol: um ensaio poético”, inspirado no romance Na casa de julho e agosto (1984), de Maria Gabriela Llansol, obviamente. Nesse ensaio, adentramos sua alquimia narrativa pelo prólogo que, por sua vez, deixa claro a inconstância de dizeres desprovidos de temporalidade linear. Abrimos sua casa com uma carta endereçada às “Damas do Amor completo”, mas que se desdobra na expectativa do leitor, prestes a receber um convite – ou já completamente seduzido pela poeticidade llansoliana – aos descaminhos deste romance.
Muito em breve será publicado meu ensaio intitulado “Palavra: a casa do poeta”, na revista Terceira Margem. A palavra, a casa e o poeta: neste ensaio vislumbramos a interpenetração destas três palavras como tensão fundamental ao pensamento poético. Desta maneira, manifestam três modos fulcrais de pensamento – a linguagem, a habitação e o próprio poético enquanto agir essencial (poíesis) – tão caros aos diálogos vigentes em nossa abertura à arte como apropriação do que somos.
Outros dois ensaios aguardam publicação, e estes são provenientes dos dois eventos que participei na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ocasiões em que se tematizavam o insólito na narrativa ficcional, portanto, a quinta e a sexta edição do Painel Reflexões sobre o insólito na narrativa ficcional, concomitante com o primeiro e o segundo Encontro Nacional o Insólito como Questão na Narrativa Ficcional. Respectivamente aos eventos, serão publicados meus seguintes ensaios: “O rio como insólito na terceira margem do homem” e “Homem: corpo insólito”.
Em relação aos dois textos citados acima, o primeiro ensaio é inspirado no conto “A terceira margem do rio”, de Guimarães Rosa, e põe em questão o homem, instalando o perguntar pela normalidade de uma realidade comum. Assim, o humano se dá como a travessia insólita do vazio ao nada. E é a partir do silêncio musical de “águas que não param” que o rio se revela não só como uma imagem ou um símbolo, mas como a própria emergência do que é, ao mesmo tempo, dinâmico e constante. Desta maneira, tal escuta nos possibilita a proposição da efervescência do insólito para além do conceitual.
O segundo ensaio é uma reflexão acerca do homem. Afinal de contas, o que é o homem? Como pensá-lo, dizê-lo ou sê-lo? Sem a menor possibilidade de uma resposta cabal, este texto é um dentre os incontáveis mergulhos pelos caminhos de interpelação, de questionamento do homem em sua essência. A dimensão do homem infringe qualquer esforço de medida ou de cerceamento conceitual, pois, sem ponto de partida ou de chegada, esvai-se a tentativa de uma precisão científica. Nele, trilhamos algumas possibilidades de se pensar o homem enquanto desdobramento corporal. Veremos o corpo como empenhos de diálogo em conjunto com as obras de Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade, o que não inviabiliza outros gracejos poéticos que evocam o pensamento e convocam a escuta do corpo. Trataremos do homem como corpo insólito por não se tratar de uma composição biofisiológica, mas da irrupção de um instante de humanidade. Um lampejo de existência não restringida aos discursos existencialistas, pondo em voga a liminaridade da vida em convívio com um outro que somos nós mesmos. Assim, entendemos que o insólito não está numa teoria categorizante, e sim no próprio acontecimento do homem. Eis uma questão que se coloca diante, ou melhor, entre as diversas tentativas de retê-lo em um corpo carnal.
O corpo é também uma questão por ser a travessia do ser em seu próprio “sendo”, isto é, na medida em que se é, o corpo incorpora o instante num tempo singular de ser, realiza-se como envio do real. Nessa ambiguização, corpo e homem se confundem e irrompem as fronteiras que separam as instâncias material e espiritual, evidenciando a plenitude do corpo em cada gesto. Portanto, de maneira não polarizada, o corpo se arrisca em ter o homem – e vice-versa – numa circularidade iminente que atravessa sua existência enquanto vida e morte, cosmos e caos, material e imaterial sendo um.
Enfim, a princípio estes são alguns dos textos que já vieram ou aguardam vir a público e, na medida que forem publicados, divulgarei aqui neste blog, esperando sempre a sua leitura e discussão de quem se dispuser a fazê-lo.