15 de maio de 2007

O avesso de uma coisa

Quando pensamos em algo, fazemos logo uma correlação com um próximo, um parente, um exemplo. Sempre há o outro lado, mesmo que inventado. Pois para isso somos humanos: inventamos o que não existe numa loucura redundante, já que nunca se pode inventar o que não existe pelo simples motivo de tal coisa, então, passar a existir após ser inventado.

Inventa-se a invenção, a ludibriosa falácia bêbada da filosofia erudito-cotidiana. O aqui, sendo agora, numa sub-invenção do que já existe no não-existir de uma memória coletiva tão individual quanto ímpar. E a coisa, perdida em coisidades várias, procura seu outro lado do um.

É lá, achado na perdição das poeiras habitantes do entre-tapete-chão que a coisa se torna objeto de desejo. Des-explico: se desejo algo, este algo é aquilo que ainda não tenho. O desejo torna possível um querer se realizar em poder. Mas não em referência à frase clichê querer é poder e sim em relação ao não querer relacionar. Suprir uma suposta ausência passou a se adequar às necessidades de qualquer desejo: a metafísica funcionando como garoto-de-recados-pós-moderno no qual um vazio clama pelo seu rápido enchimento. Um transbordar obsceno de idéias estupradas pela razão. Isso é o preenchimento do vazio, do pensamento e do questionar por ditames conceituais vigentes nos manuais filhinhos-de-papai.

Qual é o contrário de um cachorro, de uma mesa ou, como diz o professor Antônio Jardim, de uma uva? Esse contrário é a doença ocidental que deixa nossas cabeças formatadas ou anuladas já prestes às ejaculações enunciativas de definição do que se queira alvamente conceituado. Entretanto, a idéia não deixa de ser um excelente exercício ao absurdo, quando tal absurdo é o próprio pensamento largando mão da razão e sendo livre à imersão do seu pensar. Qual o contrário de um cachorro? Respondo: um gato, um prego, o espaço entre um rosto e um punho no momento de um soco!

10 de maio de 2007

Interdisciplinaridade Poética: corpo - mundo - terra

Entre os dias 14 e 17 de maio de 2007, na Faculdade de Letras da UFRJ, estará acontecendo o III ENCONTRO NACIONAL DE POESIA E PENSAMENTO - Interdisciplinaridade Poética: corpo – mundo – terra, trazendo a todos a interdisciplinaridade pelo que é de fato: a união das diversas formas de pensamento que primam pela discussão das diferenças na busca pela identidade.

Entre conferencistas, comunicadores e artistas da dança, música e poesia, o pensamento se firmará na densidade da palavra em seu maior vigor poético: a união entre corpo, terra e mundo em diálogo com a arte.

Algumas das questões que impulsionam as discussões são: o que a arte é? Sistema? Organismo? Objeto? Corpo? Mundo? Terra?

Para quem se interessar, as informações mais completas sobre o evento estão no site www.letras.ufrj.br/poeticadaterra

Todos estão convidados a participar. Então, para quem estiver pelo Rio ou quiser fazer uma verdadeira viagem poética, passe pela Faculdade de Letras e salte na inquietude do pensamento em acontecimento.

Deixo aqui a proposta do evento (retirada do site acima):

III ENCONTRO NACIONAL DE POESIA E PENSAMENTO: 14 a 17 de MAIO
- INTERDISCIPLINARIDADE POÉTICA -

CORPO, MUNDO E TERRA EM QUESTÃO:


1ª. Discussão do lugar da interdisciplinaridade poética;
2ª. Reflexão sobre uma universidade futura, projetada e organizada a partir da interdisciplinaridade;

Justificações

1ª. Numa interpretação epistemológica da realidade, não se dá o devido lugar à presença e força das artes, porque estas são lidas apenas no âmbito dos saberes, das disciplinas. Tudo isso é muito importante e necessário. Mas resta a questão: as artes podem ser reduzidas a disciplinas entre outras disciplinas ou seu caráter ambíguo não exige também uma reflexão sobre a força do “entre” em que se move todo conhecimento. Que “entre” é esse? Por que sempre se pensam as “disciplinas” e nunca se pensa o “inter” das disciplinas? Como pensar as artes senão dentro e a partir das próprias artes?

Estas questões podem e devem ser discutidas. Como preparação prévia já foram publicados dois números da revista Tempo Brasileiro: INTERDISCIPLINARIDADE: DIMENSÕES POÉTICAS, No. 164 e INTERDISCIPLINARIADE EM QUESTÃO, No. 165. Os dois números serão lançados durante evento.

A nova realidade apresenta desafios novos. A POÉTICA INTERDISCIPLINAR quer trazer a sua reflexão e suas propostas de renovação e realização de uma humanidade mais humana. Diante de diversas teorias esgotadas, achamos que propor uma nova é totalmente fora de propósito. Por onde começar? Pelos COMEÇOS, pelas origens. E o que sempre é ORIGINÁRIO? Cremos que as questões permanentes em que nos debatemos e envolvemos são: CORPO, MUNDO e TERRA. Mas como questões e não como conceitos. Elas exigem sempre um SABER RENOVADO. Nesse sentido organizamos o seguinte evento:


III ENCONTRO NACIONAL DE POESIA E PENSAMENTO: 14 a 17 de MAIO

- INTERDISCIPLINARIDADE POÉTICA -

CORPO, MUNDO E TERRA
EM QUESTÃO:

Na arte: Prof. Iaa Torrano
Na poesia: Prof. Gilvan Fogel
Na poética-ecologia: Prof. Manuel Antônio de Castro
Na música: Prof. Antônio Jardim
Na dança: Profa. Maria Ignês Calfa
Na literatura: Prof. Ronaldes de Melo e Souza
Na filosofia: Prof. Emmanuel Carneiro Leão
No pensamento: Prof. Ronaldo Lima Lins
Na sociedade: Prof. André Bueno
Na história: Prof. Luis Montez
No mito: Prof. Werner Aguiar
Na língua: Prof. Marco Lucchesi

LOCAL: FACULDADE DE LETRAS - UFRJ

2ª. Uma nova universidade está se desenhando no horizonte das profundas transformações por que passa a humanidade, frente a uma globalização em muitos sentidos, sobretudo a dos conhecimentos através das infovias. Tudo isto vem transformar o tripé em que se baseou todo conhecimento ao longo da história: produção, acumulação e transmissão. Está na hora de pensarmos uma nova universidade no horizonte destas profundas transformações. Não só pensar, mas projetar e realizar as devidas modificações.

Doze universidades federais (inclusive a UFRJ) já pensam em mudar o sistema de ingresso dos alunos novos na universidade e em implantar os BACHARELADOS INTERDISCIPLINARES. O que isso implica para o futuro das artes e a formação do ser humano de um modo integral? Será APENAS mais um modelo de preparação funcional para uma sociedade técnica e globalizada, sem levar em conta a formação integral do ser humano? Nós, das áreas (disciplinas) humanas, estamos preparados para ter voz e lugar nessa nova universidade? Haveria um modelo único? Não está em jogo a própria concepção do ser humano e de sua vida em sociedade? De maneira alguma, porque inútil, se trata de cair numa oposição, mas fundamentalmente de buscar o equilíbrio. A reflexão sobre a interdisciplinaridade poética não poderia propor algumas alternativas e direções? Aqui estaríamos fazendo a ponte e ligação com as discussões do primeiro tópico.

Para nos falar desta NOVA UNIVERSIDADE convidamos o Reitor da UFRJ, prof. Aloísio Teixeira.

Organização e promoção:
Núcleo interdisciplinar de estudos de Poética – NIEP – Área de Poética
Programa de pós-graduação de Ciência da Literatura
Direção da Faculdade de Letras