eu sou a primeira vez de um caminho já
trilhado.
eu sou a primeira vez do que ainda não
houve primeira vez,
do que é sempre a primeira vez.
linhas se encontram nos desencontros mnemônicos
quando tempo traduz língua ante
a fonte retilínea dos fatos.
“a chave para o estabelecimento de
qualquer
cultura é
a língua”
não há só fatos. história não é
sucessão.
ainda quando se contrapõe:
“a chave
para o estabelecimento de uma
cultura é
a ciência”
quem sabe,
escombros perdidos nos achados do que é
antes e agora.
quem sabe,
qualquer sucessão possa ser
uma concepção tardia de esquadros
passantes:
o que se vive no que se viveu e se
viverá.
memória laços traços tranças linguagem
que se presenteia em língua, em
várias
muitas
todas
as que não são nunca
e se atropelam no ainda.
eu sou a primeira vez de uma palavra
que cisma em me nascer.
as voltas do seu tempo desencadeiam
presságios.
verbos destinam imagem
versos conjugam memória
o agora,
um andamento múltiplo
que é para nunca e sempre.
fábio pessanha
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