... desde o perder-se,
o poema é vital. Alongam-se os veios de uma repentina metáfora inventada para
se estar com ele, para se desmedir, esquecer suas réguas... Um poema... uma
fisionomia deitada ao longo dos desvios, um ser entrecortado dentro do limite
forjado entre alívio e apelo.
Um risco seus versos me
comporem... um alongar-se das minhas vistas ao seu corpo, poema... andor onde
se penduram vestes trancafiadas na aparência da pele. Seu nome esvazia as
chispas geradas por laços encrespados. Seu nome me agarra pelas ancas e me
eleva ao céu, cujas estrelas desfazem brios nas minhas quedas... e me perco
dentro de suas dúvidas... tudo que toco, cada verso, cada letra ou sinfonia
aural é parte do que me depreende translúcido, poema...
... não sei mais o que
não seja corpo... ante tua certa imprecisão, ponho os dentes no que minha fome
alcança, lanço aos ventos o ritmo das dores em repetição agônica de lâminas;
flores cortantes por cujo talho reconheço o mundo. Esse mundo, poema, que me
descabela por dentro; esse do qual não vejo saída a não ser pelo verso que nasce
do sangue de minhas gengivas.
Fábio Santana Pessanha
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