11 de julho de 2017

Entrevista no programa Os Descabelados, na Rádio Revolução FM (Instituto Nise da Silveira)


dez de julho de 2017. hoje a manhã foi para se descabelar. hoje a ordem foi perder o eixo dos penteados rijos, quebrar o sentido farto de mesmices. hoje estivemos juntos – poetas, músicos, pessoas de almas largas – numa manhã que celebrou a diversidade, a arte, o apropriar-se daquilo que inevitavelmente somos. hoje um início para outros devires, outros cantares, outros sonhares floresceu, pois é o que acontece quando aqueles que acreditam em poesia, que percebem o mundo – para além dos rígidos ditames conceituais – se reúnem. hoje o paradoxo ganhou vez. assim: de dentro do instituto municipal nise da silveira – cujas paredes são cheias de dores, cujas celas ainda guardam cenas de horrores, cujas pesadas lembranças ainda se encarceram no cinza das paredes – a rádio revolução fm provocou luzes, aqueceu o cinza num luzir iridescente quando, ao se iniciar o programa Os Descabelados, um novo mundo se ergueu. no espaço de uma pequena salinha, os limites físicos se redimensionaram para além: celebrou-se a vida, o afeto, as trocas, o diálogo; fomentou-se amores, alargaram-se horizontes para o inesperado de um trançado de palavras, estas que nasceram – e continuam nascendo – carregadas de porvir. claro, isso tudo hoje foi possível porque um dia uma mulher acreditou que a realidade é muito mais do que isso que se vê no rente dos olhos. nise da silveira deixou um legado que ainda se cumpre, que se espraia no peito acolhedor de abraços onde o sentido do real como aquilo que incessantemente nasce e provoca realidades é insistentemente revisto, renascido, revivido. então, só me resta agradecer aos queridos kátia pires chagas e bruno black pelo trabalho colossal que realizam e por darem continuidade a esse patrimônio humano plantado em solo há algum tempo tido como infértil, contudo, que mesmo aos trancos e barrancos vêm mostrando desde o trabalho da nise que a fertilidade está no olhar de quem se doa à própria queda. só posso agradecer pelo convite a mim feito de poder viver essa experiência mágica numa manhã de segunda-feira com tantos outros corações repletos de infinitudes. um trabalho como esses não é fácil. mas se continuar a ser feito com a imensidão da força que eles têm – kátia, bruno e quem mais for responsável por botar o programa no ar –, não há dúvidas de que naquele espaço o mundo sempre se renovará pela alegria do que não se pode tocar ou mensurar, mas que aquece a alma de quem se lança ao sentido abismal de ser. sejamos! gratidão!

para quem quiser assistir o que rolou na rádio, é só clicar nos links para a ENTREVISTA SOBRE MEU LIVRO e para o PROGRAMA NA ÍNTEGRA

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