2 de julho de 2017

Carta para o coração (CORPOemado VII)


Fosse isso quase, dantes fosse curva, em que fora o cravo dentro em laço pouco fluido. Um vintém, quem sabe, ninguém além de um misto parco desse corpo inconformado. Um segredo. Quem, porém, não dissesse quando desde muito quase enquanto isto que se diz já se foi, e pronto. Um recado. Uma notícia que se queira dar. Um bocado. Um trocado para garantir migalhas. Mil navalhas na língua de quem não se cala, que traz no sangue jorrado a história de uma morte descabida. Gotas caídas num círculo contorcido a pés inchados. Uma sola. Solavanco instado a dedos. Arremedos em circuito côncavo para concertos trítonos. Chão. Marcas circundadas à lama pelo dejeto engastado em orifício pouco cônico. Nos mapas de suas veias um destino se fez vermelho. Interrompido. A flama dessas dores uma vez mais em arredores férteis d’escambos. Pinta a melancolia de uma rua escura à procura da lamparina incandescida a vácuo. Modernidade diz respeito à luz antes do clique, ao lenço antes do adeus, ao esporro antes do gozo. Uma carta se dirige ao peito de quem não a recebe. Nunca receberá. Porque já não é. Nunca foi. Instante. O rápido atropelo da canção a gagos leitos. Não há cama que fique arrumada. Nem sou romântico. Quando muito.

Fábio Santana Pessanha

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