14 de dezembro de 2011

Palavra


“A palavra não se detém em cabrestos gramaticais, os quais tentam registrar com normas a insurgência de assonâncias sintáticas e coerências. A palavra não tem coerência, o que tem coerência é o que se diz sobre a palavra, mas o que se diz sobre a palavra se afunda no seu próprio enunciado, pois quando um morfema aparece para reter o sentido nevrálgico de uma sílaba, a palavra – menina travessa com pés descalços e cabelos ornamentados com flores – se liberta do jugo semântico-sintático para fundar um novo nome, um novo sentido, um novo chão para pisar e fazer traquinagens. A palavra é travessa por natureza, rumina inconstâncias, tange com mel o labor sinestésico de uma escrita, é fugaz, contraditória, avessa a fórmulas e dicionários. A palavra é a liberdade se dando ao vento, fazendo-se onda no mar, salto sem paraquedas no fundo do céu.”

PESSANHA, Fábio Santana. “A ciranda da poesia: palavra: corpo: homem: poeta”. In: PESSANHA, Fábio Santana et al. (orgs.). Poética e Diálogo: Caminhos de Pensamento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 234.

8 de dezembro de 2011

Inesperado


“o inesperado é a flecha lançada no escuro, cujo alvo vai se inventando durante a trajetória do voo; o inesperado é o primeiro beijo na adolescência infantil, quando o mundo ainda sussurra puras incoerências ao pé do ouvido; é a molecagem de se palavrar brincadeiras, de se ritualizar o corpo, de dançar com a linguagem”.

PESSANHA, Fábio Santana. “A ciranda da poesia: palavra: corpo: homem: poeta”. In: PESSANHA, Fábio Santana et al. (orgs.). Poética e Diálogo: Caminhos de Pensamento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 237.

28 de outubro de 2011

Poética e Diálogo: Caminhos de Pensamento

Meus amigos, segue o cartaz de divulgação do lançamento do livro em homenagem ao Prof. Manuel Antônio de Castro, à Poética, à arte, ao pensamento! Quem quiser aparecer, é só chegar!


20 de outubro de 2011

Evento de lançamento do livro Poética e Diálogo: Caminhos de Pensamento

Meus amigos, saiu hoje uma nota no site da UFRJ a respeito do evento de lançamento do livro que organizo junto a outros professores: Bianka Barbosa, Antônio Máximo Ferraz e Maria Ignez Calfa. Tal livro é uma homenagem ao professor Manuel Antônio de Castro.


Reproduzo abaixo a notinha:

Será realizado, no dia 11 de novembro, o lançamento do livro Poética e Diálogo: Caminhos de Pensamento, em homenagem ao professor Manuel Antônio de Castro. A programação do evento contará com atividades interativas, dentre elas uma mesa-redonda de tema “Pensamento em questão” com Gilvan Fogel e o próprio Manuel, que completa 70 anos de vida e 40 de UFRJ dedicados à Poética.

O livro, o qual é constituído por ensaios escritos pelos membros do Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Poética (Niep), foi coordenado também pelo homenageado. “Trata-se de demonstrar que a Poética está num modo de percepção da realidade, considerando que o poético está em todo lugar, não se restringindo ao reduto erudito ou a uma cadeira institucional”, disse Fábio Pessanha, um dos organizadores, que participará da mesa de abertura com o restante da organização.

A programação do lançamento terá início às 8h30 no auditório C-3 da Faculdade de Letras da UFRJ. As pessoas que adquirirem o livro poderão conferir também uma entrevista com o professor Manuel feita pelos organizadores, que trata de temas como educação, arte e Poética.

fonte: http://www.ufrj.br/mostraNoticia.php?noticia=12351_Poetica-e-dialogo-caminhos-de-pensamento.html

18 de outubro de 2011

Canto para chuva

Ah, chuva que cai
Leva minha angústia embora
Para dentro de onde nasce o choro
Regue minhas lágrimas com sua queda
Com seu jeito poente de cair

Chuva que anima os solitários
Que fecunda a terra de pés descalços
Lave o pranto que se finda
Leve o canto para sua aurora

Meu fastio é seu desenredo
Minha sina, sua verticalidade
Quero ser oblíquo como seu caminho
E me entortar com o vento que me plange

17 de setembro de 2011

Prelúdio de aurora


Chamamento de vento
se diz prelúdio de aurora.
Seu habitual repouso está
nos cabelos desgrenhados
da criança a céu aberto.

Se o vento dança no arremesso
do corpo em seu passeio,
então, como seguir uma linha
cujo destino é o horizonte?

Como permanecer razoável
se sua lógica se refaz em descaminhos,
mergulho na praia,
cabelo na cara,
saia levantando,
papel voando
ou curva de chuva?

O vento é a entrega do corpo
no movimento de ser instante.
O vento é uma experiência de aprendizagem,
é um amar que se dá sem poste,
sem sim ou não.

O vento venta
tal qual o amor ama,
nos ama.
E nos amamos no amor...
Nos amamos no vento.