fosse luz o andar me deixasse atônito
desde as surpresas desde o contraste o amargo leito dentre os solfejos fosse o
sol em casas invadindo frestas reluzindo cantos fosse agora tão quanto nunca
quente o beijo largado na boca aos domínios do hábito quando estradas dessem no
intercâmbio sonoro dos braços os afagos dos fachos lunares na borda esquerda
das ilhas que se dissessem o azul eu afogaria o mar em suas próprias ondas
deixaria o céu repleto de janelas para em cada uma delas aportar os cotovelos e
descansar o peso de noites afiveladas ao concerto acústico dos dentes durante a
epifania das falas
fosse o brinde aquele lance esquálido
entre seios fartos ante o gracejo amanhecido nas pontas dos dedos entre os vãos
das costelas dentro da vontade de se fazer granizos na tarde em que eu desse
parabéns por seus anos de vida que deus te abençoe e te guarde amém sempre não
se esquecendo de perceber se as portas estão trancadas que o dia começa às
cinco e meia da manhã depois de um café engolido junto ao pão esquecido na mesa
recheado pela vontade de uma manteiga mais derretida
que os corações enamorados em dias de
partida quando aí já não se calam os laços de despedida entre lágrimas entre
raios luminosos a luz brilhando no metal do ônibus que partiu de pedaços
infinitos a outros pequenos e agudos gestos com destino impresso nas costas de
quem me deu o passaporte para perto do acorde dissonante embebido nas ruelas
que vão da nuca à vértebra que cisma na envergadura da chegada que é sempre vã
que é sempre longa a espera numa caminhada que é sempre fim que é outono
lançado entre folhas entre as cascas das mansidões deixadas ao acaso em mansões
onde a porta abre o osso exposto na contramão da via que é sempre queda que é a
cena da moeda dada ao moribundo
fábio pessanha
2 comentários:
uau!
tinha me esquecido do quanto é bom vir aqui.
Ahhhhh... Então, volte sempre!! E se esbarre comigo lá no Instagram e facebook também!!
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