preservar o peso da palavra a extensão
do brio
durante a onda que leva o pedaço mordido
e frio do fruto à saliva de quem me
empresta
os dentes guardar o peso da ausência de
um coração que bate noutro peito
sequer querência um jeito uma
frase um leito que se quer sempre
quente nunca ausente da força
do voo do lance do arremesso
pela janela daquele corpo daquele pouco
aperto a contragosto aquele gesto
aquele rosto
em tantas feições tatuadas
arquipélagos dentre muitos outros
fora entre muitos poucos ardentes risos
numa face numa expressão que não
existe que não dorme no enlace
entre coxas entre orquestras
múrmuras que não descansa que usa pernas
alheias em corridas que não são suas que
querem chegar
sempre querem chegar e nunca chegam não
podem
não conseguem
deixam a esmo a antipatia em
largos olhos em fartos ventres em cuja
cara
se faz ninho a saída o adeus o tchau
o fôlego some o arfar adentra o ar resfria
em respiração que não é sua que não é
minha
antes fosse quem me dera um lenço quem
sabe
um imenso atalho para onde se pode rir
bem alto
para onde se poder ir a um assalto bem-sucedido
onde se pode querer sempre querer mais
e nada a menos onde não haja lago para
saltos
sequer vertigens para altos partos e não
nascer
seja um desejo
Fábio Santana Pessanha
2 comentários:
Mas que angústia mais linda de se ler. Gostei demais!
Dani, minhas palavras ficam cheias de carícias por sua leitura! Obrigado por passar por aqui...
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