Eu não sei meu nome. Quando me toco, não
sei minha pele. Não há o que saber pelo desvio dos olhos. Não há como prover o
sensível prenome, presente neste homem forjado a sêmen e sol. Há sabor, e só. Um
degustar na experiência de um dia encarnado em corpo antinômico. Ao me tocar,
metamorfose. Ao transitar entre chuvas, o ruir das certezas. Cada gota resvala
o orifício sacro do verbo perdido em letras e véus. Uma enxurrada que varre céu
afora o desejo de me caber num chamamento.
Me perco quando ouço meu nome. Divirjo
da letra que me inicia numa existência palavral. Dispo a veste do que se chama
eu a cada precipício aberto em meu peito. E nele, meu peito, cabem muitas
quedas. O esborrachamento me compõe. O delírio me eleva. O tônus da voz
alardeia o itinerário entre assunção e epifania, quando no percurso entre ser e
perder-se, encontro-me dentro do nome que me convoca. No entanto, eu não sei
meu nome, duvido do meu encantamento para ser, retiro às pressas o toque das
minhas mãos em corpos alheios ao meu.
Todo corpo que me toca é meu. Compõe o
lugar do não saber quem sou. Se você sabe quem é, não me dedique olhares. Não
pressuponha o amanhã como porvir. Não há amanhã, apenas amanheceres no instante
em que se cruzam nossas escuridões. O escuro é pôr do sol e amém.
Postagem original: www.instagram.com/fabiospessanha
2 comentários:
Relendo seus escritos em blogues e livros e a fala do simpósio, neste atoa que pareço estar, não estando, vim dizer de boca cheia que você é foda!
Sua poesia é foderástica!
Sou muito fã.
Dani.
Poxa, Dani... nem sei o que dizer... Fico muito feliz com seu carinho! Fã aqui sou eu!
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