Um rascunho de umbigo. Invenção de lhe
enfiar o dedo e meter um aceno em sua rugosidade. A confidência de mentiras às
verdades não te cabem. Revela o arrepio que antecede o toque. Irrompe
de dentro do umbigo, sol. De fora, a
noite num ritmo de cabelos desgrenhados. As mãos, pela passagem do que antes
era e já se foi. Restos. As paredes compunham transparências. O chão limitava o
elo entre risco e sobriedade. Não há espaço para calma na eloquência dos saltos
ao mirar o centro. A borda carcomia a
longevidade do que se apresentava. Unha, pelos, pele, tudo consumido pelo
buraco negro do ventre. Um covil luminoso. O tempo se envergava para dentro do
princípio. Principiar é um gesto ambíguo de morte. E se morria a cada
infestação de chuvas
pelas nebulosas que elaboram labirintos.
Traços luminosos se perdiam entre vilas e paragens. Todo lugar é caminho para nudez.
A cegueira decompõe apalpabilidades. O rio lunar está nos olhos de quem se
deixa elevar ao préstimo de presságios.
O umbigo é um esboço. Um círculo
malfadado na tangência de línguas. Atropelos. Muitos. Esquivava-se ao parapeito
dos joelhos. Recompunham-se os alicerces dos beijos. Uma cena. Quem sabe. De
amor.
Fábio Santana Pessanha
Postagem original: www.instagram.com/fabiospessanha
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