6 de agosto de 2017

Paulo Leminski e as paisagens da poesia: uma leitura de "Limites ao léu"


Saiu na Revista Garrafa, nº 38, meu ensaio sobre a leitura que fiz do poema “Limites ao léu”, do Leminski! Foi um desafio transitar e costurar interpretações sobre as leituras que o poeta fez para o que seja poesia. Mas essa tentativa passa longe de uma elucidação que se pretenda determinar um conceito para poesia. É uma viagem, um salto, um mosaico que aponta para o incomensurável, para o nunca sempre quase de uma questão das mais importantes para o homem, porque o homem é um poema sempre a se escrever.

Então, quer ler todo o ensaio? Tá a fim de conhecer a galera que compõe a revista? Passa aqui, ó: http://bit.ly/2uX7JnL

4 comentários:

Daniele Negreiros disse...

você escreveu um ensaio sobre "Limites ao Léu"?!
Uau! Quero muito ler isso. Volto com calma depois, mas já registro a minha ansiedade.

Fábio Santana Pessanha disse...

Sim!!!! Meu ensaio está disponível no link da postagem, que leva à revista. Mas se você quiser, envio o texto para você! kkkkk... sem ansiedade, o tempo somos nós!!

Daniele Negreiros disse...

Primeiro, deixa eu dizer o quanto gostei de seu ensaio. Ainda estou em estado de levitação.
Suspendi, por tempo indefinido, todas as minhas outras flutuações emotivas com a literatura. Quero ler isso mais algumas vezes. Gostei de ir até essas bifurcações poéticas.
Quando você incorpora a palavra como combustível para reinventar o humano, ao dizer que “nenhum poeta consegue fugir do destino de se aumentar em palavras”, confesso que vibro positivamente, pois considero a palavra como ferramenta capaz de nos fazer chegar ao máximo da concretude de ideal perfeito. Leminski trouxe suas vísceras à pele ínfima da realidade, sem o desligamento com o belo. Talvez, por conta dessa inquietude de querer atribuir infinitos sentidos às palavras que usamos, enquanto estamos, a estas, indiferentes.
Quando você diz que o poeta sofre essa realidade, agitado, desejando transpô-la e, por isso, vai meditando as palavras em seu corpo, até chegar a antessala de seu próprio eu, vislumbrei um poema no ventre. Vi o poeta como um leitor de mundo, inconformado, paradoxalmente, ausente por estar muito envolvido com o que lhe é apresentado como leitura. Vi o poeta criando o novo mundo, a palavra inexistente.
O poeta, rebento, vai buscando profundezas por toda sua superfície. Daí, antevejo a fome pelo inalcançável. O infinito desdobrar do verbo. Daí, a “instância inominável que acontece pelo poético”.
“Todas as vezes que um verso é escrito, a realidade muda com ele.” Mais uma vez, arrepio-me com a sutileza de suas palavras, ao dizer algo tão imenso. O poema rediz mesmo o mundo. Poeta é o que lê.

Depois, mais a frente, você nos mostra a falsa pele das palavras, quando estão em movimento no cotidiano linguístico. Com isso, ficam suas palavras em mim, claras e dizendo quanto são mais entranhas, do que pele.

Muito me alegrou essa leitura.
Gratidão!

Fábio Santana Pessanha disse...

Daniele... Cada palavra que sai das minhas ventas pelos poros, pelo corpo, pela pele, pela boca, pelo silêncio do meu verbo, carrega um pouco do que sou. Digo um pouco apenas porque totalidades não existem... estamos em plena destinação para ser isso que nos descobrimos a cada instante; recobramos nossa existência a cada experiência metabolizada em nossa carne. Somos as palavras que dizemos e, principalmente, as que ainda estão por nascer. A experiência com poesia, para mim, é inaugural. Acredito na palavra poética, creio no sagrado poema que nos perpassa a vida, tornando a realidade uma ambiguidade sempre a se dar liminarmente.
Há também o caminho cerebral, há o burilar, o corte, o estanque gosto da paragem de um ritmo que nos conduz aos escombros do que pensamos dizer. Há sempre uma possibilidade para ser... e a que escolhi é esta com a qual você vibrou e me faz vibrar nesse exato momento.
O encontro pelo poético é algo muito especial e que deve ser cultivado sempre. Palavras não são possíveis para mensurar a alegria que me toma ao ler seu comentário sobre meu ensaio. Afinal, houve na duração da escrita desse texto uma circular vivência, na qual nasci, alarguei-me para o depois de mim e morri, mas no sentido de composição lírica entre todos os outros que me compõem e que, sem sombra de dúvidas, agora você como leitora também faz parte.
Gratidão por seu tempo, por sua leitura, por suas palavras... Hoje, ao te ler, tornei-me mais um outro de mim mesmo... Obrigado!