“Um poema não quer
dizer, ele diz. E esse dizer não é um ‘fazer como’, uma indicação de um caminho
a seguir, mas é o próprio caminhar. Ler um poema é se abrir ao indizível, por
isso, como podemos dizer que um poema retrata, caracteriza ou luta por algo?
O impacto de um poema
não se restringe apenas à explosão subjetiva das sensações, isto é, o poema não
está a serviço da sensibilidade, do sensório. Mais do que isso, ele nos convoca
a adentrarmos naquilo que não conhecemos sobre nosso próprio; um caminho de
procura cuja busca se dá na peregrinação do que estamos sendo, portanto, um ato
contínuo de desencobrimento.
Um poema é uma
abertura, então devemos lê-lo sem querer respostas, mas de maneira questionante.
Devemos ser com o poema”.
PESSANHA, Fábio
Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de
Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 44.
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