23 de dezembro de 2013

A hermenêutica do mar - Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos

Meus amigos, é com muita alegria que dou a notícia de que meu livro finalmente está pronto! A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos foi escrito principalmente a partir dos cinco sonetos iniciais do livro Para fazer um mar, do poeta moçambicano Virgílio de Lemos, trazendo evidentemente diálogos com outros momentos de sua escrita assim como a leitura de outras obras poéticas, literárias ou filosóficas.
Já disponível na Livraria Cultura, em breve este livro estará nas demais livrarias do Brasil (inclusive virtualmente). Mas, enquanto isso, quem quiser adquirir um exemplar, basta entrar em contato comigo por este blog. Abaixo, segue o texto da quarta capa (ou contracapa). Estão todos convidados à leitura!


De dentro de uma escrita poética, um mar foi feito... melhor, vivido. Respirando a maresia dos sonetos iniciais de Para fazer um mar, do poeta moçambicano Virgílio de Lemos, foi possível o mergulho empreendido no livro que o leitor tem agora em mãos.
A partir de uma artesania poética, composta por morte, queda, susto e epifania, travou-se a escritura de um mar. Um mar próprio, que passa a existir, a se fecundar em cada leitura, pois essa foi a experiência realizada em A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Cada palavra presente em tal obra alinhava um nascimento, uma onda versificada em pele e escrita: poesia. E, considerando que ler significa entrar naquilo que se entranha em nossa visão, em nosso corpo, li de corpo aberto ao vento os mosaicos imagéticos dos poemas virgilianos e fui enredado por sua poética. Com isso, pude criar meu próprio mar, meu próprio caminho e me perder em minha andança: solidão de letras e presságios, música e pés descalços, gerados pela entrega aos versos desse importante e fundamental poeta moçambicano.
Agora só me resta convidar aquele que quiser desbravar suas próprias águas a cair em profundo salto. Convite feito! E o mergulho acontece durante o aceno do leitor em se molhar nessa escrita temperada com sal do mar, pôr do sol, horizonte e palavra.

19 de dezembro de 2013

Homenagem ao poeta Virgílio de Lemos

Na sexta, dia 06 de dezembro, faleceu o poeta moçambicano Virgílio de Lemos. Pensei em escrever algo imediatamente, mas não queria ser oportunista e nem ser mais um a encher a internet com as mesmas informações sobre sua biografia. Contudo também não posso ficar calado, considerando que foi com sua poética que amadureci minha escrita...
Não nos conhecemos pessoalmente, mas trocamos e-mails desde 2006, quando durante minha graduação em Letras tive contato com sua poesia. Desde então, terminada a graduação e durante o curso de mestrado em Poética (durante o qual não só me debrucei quanto me fiz inconsequência em seus versos) pude perceber o vigor verbal de um poeta que existe por sua poesia. Por isso, e também sabendo o quanto o Virgílio não gostaria de melodramas (e este isso também não condiz com meu perfil), resolvi postar esta homenagem, com qual trago a público o primeiro poema que me tirou o chão e me lançou no meu próprio caminho.
É preciso dizer ainda que não foi o poeta Virgílio de Lemos que morreu, e sim o ente de carne e ossos entregue à surpreendente, inevitável e inaugural insistência de existir durante a morte. Outra coisa importante a se dizer é que seu heterônimo Duarte Galvão (autor do poema que trarei) apareceu para mim de forma controversa, suscitando muito mais do que uma perspectiva de cunho social. Desde que sua poética me tomou, enxerguei nesse heterônimo o vórtice no qual as palavras em seu sentido comum festejam a orgia de serem verbo e criação contínua... Este não foi o primeiro poema que li do poeta, seja ortônimo ou heterônimo, mas foi o que primeiro me lançou em meu abismo...

Tu és fábula

Tu és fábula
explosiva
e realidade
limite entre a gula
e o vômito
entre a volúpia
e a náusea
do verbo.
Tu és abstracto
respeito
voo
de metáforas
intestinais
de música e morte.
Tu és reflexão
artífice
de suspensos
concêntricos
enigmas de medo
masturbados
sublimados
gemidos de guerra
nos teus olhos
suicidas.

(Duarte Galvão, 1962)

10 de dezembro de 2013

O homem e sua condição de margem

Meus amigos,

Acaba de ser publicado no nº 19 da Revista dEsEnrEdoS meu ensaio “O homem e sua condição de margem”. Então, estão todos convidados a dividir essa leitura comigo! Para isso, basta acessar o link acima. E, para dar uma prévia do meu texto, deixarei abaixo seu primeiro parágrafo. Boa leitura!

O homem está mais para margem que acervo bilíngue de vagabundos. No panorama dos seus pés moram as vias que o conduzem ao encontro marcado com seu próprio desenredo. A cada passo dado, é impresso no chão o risco de se criar esteiras de caminhos e presságios de infinito. Seu rastro é sua alcunha quando eleito magnífico miserável de imensos veios.