Finalmente meu livro A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a
poética de Virgílio de Lemos está pronto! Muitíssimo em breve estará
disponível nas melhores livrarias do Brasil!
Depois de um trabalho
muito árduo e um longo tempo de espera pelo melhor momento de trazê-lo a
público, enfim, a expectativa acabou. Para iniciar a comemoração e deixar uma
prévia do que vem pela frente, divido com os leitores o texto de orelha que
Fernanda Angius, professora em Maputo e uma das grandes pesquisadoras da
literatura moçambicana, escreveu para meu livro. Fiquem, então, com o texto de
orelha que a Fernanda Angius escreveu:
A hermenêutica do mar – Um estudo sobre
a poética de Virgílio de Lemos
interessará quem ama a poesia e conhece quão intrínseca ela pode ser na vida de
cada um de nós. O autor deste livro foi capaz de mergulhar no mar de imenso
azul virgiliano e captar o sentido profundo de seus versos.
Fábio
Pessanha descobre o sentido de osmose vital do poema virgiliano, e aponta-o
como verdadeira produção cosmogónica, na medida em que atribui à poética de
Virgílio de Lemos a força geradora de vida, consubstanciando o sagrado criador
e a matéria criada.
Etiópia Sudão Novo Mundo e extremo
Oriente
escravos e canelas, baixelas de prata
bordados.
Será que posso falar de omnipresente
osmose
entre o sagrado e o grito mineral da
carne?
(Virgílio de Lemos, “Ouamisi”)
Fábio
Pessanha, o autor deste livro, domina a linguagem poética e, arrojadamente,
“desvenda” uma faceta pouco tratada de outro poeta; e este outro é
multifacetado e faz do mar o seu mundo e o seu corpo, respirando com paixão o
mar. Este é cantado nos seus versos, impondo-se como sujeito lírico por
excelência. A nossa curiosidade é desperta para um poeta moçambicano pouco
conhecido. Um poeta para quem o mar é constante inspiração e fonte de energia.
Fábio
Pessanha consegue, neste seu livro, tornar-nos cúmplices de Virgílio de Lemos e
sentir a poética do mar na sua poesia. Segundo ele, “O tempo é teia que enlaça
e amordaça o falatório de um momento. É rede que apanha a ruptura das divisões
e molda nos seus nós o entrecruzamento de espaços: memória.”
A hermenêutica do mar – Um estudo sobre
a poética de Virgílio de Lemos
(este que é poeta, jornalista literário e ensaísta, de origem moçambicana)
leva-nos ao âmago do sentido que o mar tem na poesia de Virgílio de Lemos. Os
seus versos são “fulgurância do real em lampejos de realidade” e esta talvez
seja a melhor definição da poética virgiliana nas variadas representações do
seu mundo interior e do seu imaginário. Aliás, tempo e memória são bem
analisados no capítulo em que o autor trata o tema.
Baseando
o seu interessante trabalho em, apenas, cinco sonetos do poeta estudado, e
sabendo nós da extensão quase interminável da obra virgiliana, consideramos que
a ousadia é coragem. Segundo o autor, Virgílio de Lemos, através do binómio
tempo/memória, faz “a consubstanciação de corpo em mar” “e assim vão galopando
os versos, com imagens que repercutem no interior do seu mistério a vigilância
de penetrações etimológicas, de sonoridades coloridas ou acidez iridescente.”
Admiramos
em Fábio Pessanha a ousadia com que “deitou mãos à obra” e se embrenhou na
poética virgiliana. Hermenêutica do mar virgiliano, difícil, mas aliciante,
este livro traz aos estudiosos da Literatura moçambicana um contributo
importantíssimo para o reconhecimento universal de Virgílio de Lemos, um dos
maiores poetas moçambicano na diáspora.
O
autor deste livro, como ele próprio confessa, foi arrebatado pela poética do
poeta estudado – contagiando o leitor, que não pode deixar de querer conhecer o
eterno amante do mar – e mergulhou na sua lírica, seguindo os caminhos
misteriosos das florestas semânticas de onde jorram os sentidos que dão significação
à vida.
Se
Fábio Pessanha não fosse o poeta que conhecemos, esta hermenêutica do mar não
seria lida assim, pois o texto nos revela um autor que na poesia encontra sua
preferida habitação. Trata-se de uma poética a desvendar outra que a iluminou.
Maputo, 31 de agosto de 2013.
Fernanda Angius
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