5 de maio de 2012

Invenção


Invento minha rua,
caminhando passos de caracol.
As pedrinhas vão colando em meus pés,
a areia se transforma em minha pele:
sou chão.

O tamanho do meu horizonte
cabe nas asas de um passarinho.
Sou largo como margens de rio,
profundo como oceanos desconhecidos:
sou folhas de árvores à espera do vento.

Invento minha sina,
desconheço minha face,
desformo as pegadas largadas na terra.
A criação é respaldo de poema:
sou poesia.

3 comentários:

Lucia São Thiago disse...

Tão solto. Bonito.

Fábio Santana Pessanha disse...

Obrigado pela visita, Lucia!

Carolina Ferreira disse...

Não sei comentar uma morte e uma poesia. No entanto, há palavras que pegam todas as nódoas do meu coração, jogando-as. Acalento-me. Estas suas palavras são sucintas, caro. Muitíssimo obrigada pela partilha! Gostei daqui - tamanho lar.

Vá consigo, e fique bem.

Beijo de luz!