Quando pensamos em algo, fazemos logo uma correlação com um próximo, um parente, um exemplo. Sempre há o outro lado, mesmo que inventado. Pois para isso somos humanos: inventamos o que não existe numa loucura redundante, já que nunca se pode inventar o que não existe pelo simples motivo de tal coisa, então, passar a existir após ser inventado.
Inventa-se a invenção, a ludibriosa falácia bêbada da filosofia erudito-cotidiana. O aqui, sendo agora, numa sub-invenção do que já existe no não-existir de uma memória coletiva tão individual quanto ímpar. E a coisa, perdida em coisidades várias, procura seu outro lado do um.
É lá, achado na perdição das poeiras habitantes do entre-tapete-chão que a coisa se torna objeto de desejo. Des-explico: se desejo algo, este algo é aquilo que ainda não tenho. O desejo torna possível um querer se realizar em poder. Mas não em referência à frase clichê querer é poder e sim em relação ao não querer relacionar. Suprir uma suposta ausência passou a se adequar às necessidades de qualquer desejo: a metafísica funcionando como garoto-de-recados-pós-moderno no qual um vazio clama pelo seu rápido enchimento. Um transbordar obsceno de idéias estupradas pela razão. Isso é o preenchimento do vazio, do pensamento e do questionar por ditames conceituais vigentes nos manuais filhinhos-de-papai.
Qual é o contrário de um cachorro, de uma mesa ou, como diz o professor Antônio Jardim, de uma uva? Esse contrário é a doença ocidental que deixa nossas cabeças formatadas ou anuladas já prestes às ejaculações enunciativas de definição do que se queira alvamente conceituado. Entretanto, a idéia não deixa de ser um excelente exercício ao absurdo, quando tal absurdo é o próprio pensamento largando mão da razão e sendo livre à imersão do seu pensar. Qual o contrário de um cachorro? Respondo: um gato, um prego, o espaço entre um rosto e um punho no momento de um soco!
15 de maio de 2007
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3 comentários:
pôooorra, você respondeu a pergunta do Jardim!!! *aplauso*
È relativamente triste perceber que tudo que concebemos ao nosso redor é mastigado pela sociedade. Mas ainda resta os sonhos, e enquanto eu continuar presa nos meus, acredito que para mim ainda exista salvação.
O rosto socado: ai! Não quero e sou. Sou tão metafisicamente lançada do âmago da meta da física;;;!!!@@@$$$
Canso de contar os desejos incontáveis e sempre perco a conta. Burrinha... Queria-me aêdo e sou pícaro-poeta.
siu, siu, siu. Três moscas passaram por aqui. Algo cheira a merda.
bjs, amigo
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