Embora seja um heterônimo do grande poeta moçambicano Virgílio de Lemos, é importante ressaltar a originalidade e independência poética de Duarte Galvão, poeta de genialidade singular. Digo isso por recusar a idéia da heteronímia como uma máscara do poeta ortônimo. Na literatura e na arte enquanto realizações máximas do humano do homem não há máscaras, mas sim a manifestação do real em realidades diversas, originais e originárias.
Eis a localização exata: MESA 35
LOCAL: sala H 311
Fábio Santana Pessanha (UFRJ) - Geogonia de Duarte Galvão
Maiores informações e programação completa no site: http://www.letras.ufrj.br/pensandoafrica
Abaixo segue o resumo do meu ensaio:
Geogonia de Duarte Galvão
Moçambique é terra no sentido mais radical de originariedade, ou seja, daquilo que constantemente inaugura um novo pensar. É mãe com a qual, num incesto sacro, o poeta Duarte Galvão se confunde ao travar verbo-orgias gestantes de poesia.
Neste sentido, temos como objetivo neste texto a percepção de uma relação ambígua em que o erótico é tanto a aproximação do poeta com sua terra quanto o próprio mover-se dele na mesma. Então, mais do que um espaço geograficizado, teremos Moçambique como país único, oriundo de uma poética telúrica em que o poeta e sua mãe-terra se darão mutuamente.
Portanto, a questão aqui instalada é o sentido de geogonia. Assim sendo, é a partir da terra (Moçambique) que Duarte Galvão acontece poeticamente na medida em que a mesma se retrai enquanto silêncio proveniente.